Todos se lembram da “corrida pela qualidade” que aconteceu nas décadas de 1980 e 1990. Por meio da padronização dos processos as empresas e os certificados ISO expressavam ao mercado o diferencial da época que era a qualidade. Nessa mesma época, com a abertura das importações, os produtos chineses entraram com força total no Brasil sendo vendidos nas famosas lojas de R$ 1,99. Para um país com os maiores impostos do planeta, o baixo preço dos produtos asiáticos foi atrativo para os consumidores do país. Entretanto, a baixa qualidade era visível tornando um diferencial as empresas nacionais que detinham a qualidade. Neste período a qualidade era símbolo de competitividade.
Desde então a situação mundial mudou drasticamente e a qualidade deixou de ser um diferencial para ser um requisito obrigatório no mercado. Na dinâmica econômica, a China aprendeu a ter qualidade com os países ocidentais, mas não deixando o atrativo de ter baixo preço. Atualmente a China investe maciçamente em inovação para se consolidar como a maior economia do mundo. Assim o país terá baixo preço, qualidade e inovação para competir agressivamente no mercado.
Esta breve história é para esclarecer o momento sócio-econômico em que as empresas brasileiras estão, indicando que ter preço e qualidade não são mais diferenciais competitivos para se manter no mercado. Os clientes e consumidores estão cada vez mais informados e exigentes no que diz respeito ao seu poder de compra. As necessidades do mercado por preço e qualidade já atingiu o status de “obrigação” por parte das empresas para sobreviverem. Assim, a única alternativa que as empresas têm para crescer é por meio da inovação.
Nas empresas, o trabalho manual e físico foi substituído por máquinas e equipamentos. O trabalho intelectual executivo foi substituído pelos softwares. E o que sobrou para o ser humano? O único trabalho que nenhum equipamento ou software conseguirá realizar, pois depende da capacidade humana, é a criatividade. Por isso, a inovação é o próximo grande e extenso ciclo na história do capitalismo.
Eduardo M. Borba é o criador do conceito da Inovação Natural (www.inovacaonatural.com.br) , fundador e diretor do Instituto MOBI, coordenador da Pós-Graduação em iNOVAção da Sustentare Escola de Negócios, diretor de Inovação/Projetos da Ajorpeme.